quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Porque sim

Não me tenho manifestado.... nem sequer vou poder votar... (infelizmente, mas é assunto para outro post)

Mas já agora gostava que ficassem aqui com algumas palavras que falam por si (por mim, neste caso):

Bia di Sal - Capitão - Mulher Aranha - Lótus Azul - Purpurina 1 - Purpurina 2

E é tão simples.... sim ou não à despenalização. Eu diria SIM.

27 Comments:

At fevereiro 08, 2007 8:49 da manhã, Blogger Soba said...

Achas mesmo que é assim tão simples? Olhe que não... olhe que não...

 
At fevereiro 08, 2007 10:20 da manhã, Blogger Filipe said...

Qualquer pessoa com 2 neurónios diria que sim. Mas suponho que os neurónios ainda sejam um extra demasiado caro para o comum dos tugas.

Infelizmente eu também não me vou poder manifestar. Depois tu explicas o porquê no teu futuro post :)

 
At fevereiro 08, 2007 11:18 da manhã, Blogger Soba said...

Caro Filipe,

Essa dos 2 neurónios nem merece comentários...

Mesmo assim, e para evitar confusões ou mal entendidos, passo a explicar. Eu não disse que votava não. Disse apenas que não é “assim tão simples”. Há uma série de questões e de fronteiras que não são assim tão estanques e definidas.

E se o aborto for feito às 16 semanas? E às 24 semanas? E aos 6 meses? E aos 9? É igual a fazê-lo no dia seguinte? Antes das 10 semanas? Se sim, porquê? Porque há vida? Ou só há vida com o nascimento? Onde está a fronteira? Quem a define?

E, se o sim ganhar, o que fazer no caso de aborto depois das 10 semanas? Prisão? Ou fechar os olhos às clínicas clandestinas e parteiras de vão-de-escada que se vão especializar no pós-10 semanas?

E o que fazer nos casos em que o pai quer ter o filho (e está, de facto, disposto a tomar conta dele sozinho, uma espécie de versão masculina de mãe solteira) e é contra o aborto mas a mãe não? É muito diferente de um homem obrigar uma mulher a abortar?

E os casos em que uma mulher aborta não uma, nem duas, mas 10, 15, até 20 vezes? Deve haver limite?

Podia ficar aqui a enumerar uma série de áreas que para mim, na minha santa ignorância (que, sei agora, está relacionada com uma eventual escassez de neurónios), são “cinzentas”. Mas acho que não vale a pena. I believe I’ve made my point clear. There’s nothing simple about this discussion. Porque, ao contrário de outras discussões “estruturantes”, a solução ideal ainda é uma mulher não precisar de abortar…

 
At fevereiro 08, 2007 2:13 da tarde, Blogger Pirilampa Assassina said...

Caro Soba, por muito que compreenda o teu ponto de vista sobre este referendo, há algo nos teus argumentos que me deixa confusa. Não percebo a obsessão com este argumento por parte de muita gente:
"E os casos em que uma mulher aborta não uma, nem duas, mas 10, 15, até 20 vezes? Deve haver limite?"
Mas será que alguém faz abortos assim como quem vai ao café? Eu como mulher portuguesa, sinto-me insultada por argumentos como esses. Parece que têm medo de deixar esta decisão nas mãos das mulheres portuguesas pois elas não são de confiança. Devemos ser todas levianas! E normalmente esses argumentos são usados por homens....
É engraçado pensar é que as mulheres francesas, inglesas, alemãs, dinamarquesas e mais umas quantas espalhadas na europa, não têm esse mesmo problema!
Além disso, na sociedade em que vivemos, isto parece-me mais uma forma de repressão que outra coisa qq!
Concordo ctg quando dizes que esta decisão não é simples mas por mais argumentos que me apresentem, continuo a achar que a decisão deveria caber à mulher. Ok, há muitas mulheres que usam só um neurónio (assim como há homens que tb so usam 1)mas há muitas outras que se vêem colocadas numa situação onde não têm outra solução e nesse caso, actualmente, so poderão recorrer a clinicas clandestinas onde o podem fazer em condições horriveis ou ir até Espanha, e se forem apanhadas, serão consideradas criminosas. Isto parece-me extremamente estúpido! O que temos que fazer é deixar de ser tão retrogrados! Erros cometem-se sempre e não será a última vez que se cometerão mas já está na altura de deixarmos que cada ser humano seja responsável pelas suas acções.
E se o pai quiser ter o filho, ele que o carregue 9 meses e que aguente as depressões pós-parto e afins!

Power to the people!!!
Power to the people!!!
Power to the people!!!

 
At fevereiro 08, 2007 2:15 da tarde, Blogger Pirilampa Assassina said...

Além disso, é sempre tão interessante ouvir histórias de bebés que são encontrados nos caixotes de lixo das casas de banho....Talvez se essas mães tivessem tido a possibilidade de escolher...

 
At fevereiro 08, 2007 2:27 da tarde, Blogger Haddock said...

olha... um link pa mim... tou emocionado!! Obrigado, Nocas! Abraço. Passa-me procuração que eu voto por ti, ok? Abraço!

 
At fevereiro 08, 2007 2:43 da tarde, Blogger Haddock said...

Caros confrades, que o assunto é sensível, toda a gente sabe. Que ninguém defende o aborto, também! Que a maioria (nem todos!) acha que as mulheres não devem ir para a prisão por abortarem, é um facto. Que elas devem sofrer um estigma social pela opção dramática de interromperem uma gravidez, OPONHO-ME TERMINANTEMENTE!!

Uma pequena história, verídica, fresquíssima, só para verem o alcance disto:

aparece no centro de saúde uma mulher que sofre de diabetes em último grau desesperada porque engravidou. Se não sabem, esse estado pode conduzir à sua própria morte... o médico de família encaminha-a para o hospital, com indicação para aborto terapêutico. É-LHE RECUSADA essa possibilidade! Nem foi sequer discutida por uma CTIVG (comissão técnica para a interrupção voluntária da gravidez). Estamos perante um caso flagrante em que devia ser consentida a interrupção, mas não, não foi! Se o SIM vencer, esta mulher podia abortar sem sofrer qualquer sanção. O SIM também vale para isto. Só quem está completamente por fora do que se passa no SNS é que pode ser cegamente do NÃO! Tenho dito, boa tarde!

E tenho montes de outras razões... mas não vos vou maçar mais!

 
At fevereiro 08, 2007 3:34 da tarde, Blogger Soba said...

ioEu continuo na minha: estamos a discutir coisas diferentes. Eu só estava a dizer que não acho que seja assim tão simples, que acho que há uma série de questões que ficam por resolver, que ser do sim (como eu sou) não implica fazer ouvidos moucos a todos os comentários, questões, dúvidas e zonas cinzentas que se colocam quando se discute uma questão tão séria como esta.

Cara Pirilampazinha querida,

Não sejas naif! Há mulheres que usam o aborto como método contraceptivo. Poucas, mas há. Aqui como no resto do mundo. Tal como há homens que vão às putas e não usam preservativo. Como há país que preferem o desemprego a pagar uma pensão de alimentos aos filhos. Como há famílias que abandonam os idosos nos hospitais antes de irem de férias. Como há país que batem nos filhos até os matarem. O mundo não é feito só de pessoas boas. E, quando tomamos opções, temos de considerar essas pessoas. Se eu acho que, por causa de uns quantos, devem pagar todos, a resposta é, obviamente, não, claro que NÃO (só para garantir que não há dúvida quanto a isto). Mas não me deixa de atormentar, quando puser a cruzinha no sim, saber que isso vai acontecer... que vão haver casos desses… e que eu, ao defender o direito à mulher mandar no seu próprio corpo - mesmo quando da sua opção resulta a interrupção de uma outra - abri as portas para que estes casos aconteçam sem eu puder dizer que estão mal.

(quanto à generalização do “argumento usado só por homens”, vou ignorar…)

Uma dúvida: quando dizes «erros cometem-se sempre e não será a última vez que se cometerão mas já está na altura de deixarmos que cada ser humano seja responsável pelas suas acções», achas mesmo que o aborto é uma forma de assumir responsabilidade? Ou um mal menor? Tens noção que são coisas diferentes?

Se fosse possível, adorava mais esclarecimentos em relação à ideia: «e se o pai quiser ter o filho, ele que o carregue 9 meses e que aguente as depressões pós-parto e afins!»…

Caro/a Haddock (pela foto diria caro… mas não fiando)

Não está a confundir estigma social com outra coisa qualquer? Não é por mudar uma lei que se mudam mentalidades. Eu até acho que é uma boa maneira de o conseguir, mas, mesmo depois da lei mudar, abortar vai continuar a ser, nos meios em que já o é hoje, um estigma, um pecado, um erro, uma desresponsabilização, whatever. Assumo que queria dizer que se opunha a que uma mulher seja penalizada (criminalmente) pelo próprio Estado e sociedade a que pertence quando decide abortar. Se assumi errado, e era mesmo estigma social que queria referir, então não percebi como é que mudar uma lei vai acabar com a discriminação social?

 
At fevereiro 08, 2007 5:37 da tarde, Blogger NoKas said...

Mais um link: http://alienacaozorziana.blogspot.com/2007/02/parece-que-as-mulheres-so-todas-umas.html

Zorze na sua alienação traduz igualmente parte do que eu penso! ;)

 
At fevereiro 08, 2007 5:39 da tarde, Blogger NoKas said...

Em relação à malta que faz tretas constantemente (para não dizer merda). Meus caros. Há gente assim: tola! Mas neste caso concreto do aborto, não acredito que uns devam pagar pelos outros. Sim à despenalização. Eu não tenho dúvidas quanto a pontos de interrogação, nem sou contra as vírgulas!

 
At fevereiro 08, 2007 6:26 da tarde, Blogger Sofia C. said...

Nokas,

Linkáste-me (uhmmm, acabo de inventar um verbo, será?,lol):-) Quanto ao facto de não poderes votar, acho injusto, é a negação de um direito, o desfasamento da legislação portuguesa em relação à realidade da sua diaspora.Diaspora que vai vendo e vivendo noutras paragens e adquirindo outras formas de pensar. Será que temem isso? Se calhar não, se calhar é só uma lei que ninguém muda por pura inércia. Bjs, Sofia:-)

 
At fevereiro 08, 2007 7:03 da tarde, Blogger Soba said...

Nokas,

Como não tens dúvidas, achas que me consegues ajudar a responder a uma dúvida?

O que é que achas que devemos fazemos, enquanto sociedade e no caso do sim ganhar (estou a contar com isso, apesar de também não poder votar), a uma mulher que faça um aborto depois das 10 semanas?

Obrigado pela ajuda!

PS: tens noção que esse sem dúvidas me parece, a mim, o sem neurónios, assustador. Mas, já diz a cultura popular, “cada um sabe de si e Deus sabe de todos”…

 
At fevereiro 09, 2007 2:11 da manhã, Blogger NoKas said...

Bom. Querido capitão Soba, dono das dúvidas e dos cinzentos (mas só às vezes.... noutras situações é tudo preto e branco!!!)! Como pelos vistos os meus neurónios funcionam.... menos bem, parece q não me fiz entender. (até pq eu nem estava a fazer um trocadilho com a história do gato fedorento e do marcelo... não! é mesmo neurológico!)

A questão colocada é simples e a resposta é directa: sim ou não à despenalização! Ninguém me pergunta: és a favor da existência de abortos? És a favor que a tua vizinha do lado que vai pa cama com todos e que não toma precauções faça um aborto? O referendo não é sobre legislação, não é sobre educação sexual nas escolas, não é sobre esta mulher específica ou aquela. Eu, como mulher, já que o sou e gosto de o ser, com todas as implicações que esta minha condição traz(mais uma certeza?!?!?!) gostava de poder ter hipótese de escolha. Espero nunca ter que passar por isso, mas se tiver que fazer um aborto ao menos que me possa dirigir a alguém sem ser tratada como uma criminosa. Se esta futura-lei-que-eventualmente-ainda -vem-aí não passar, a tal comissãozinha de ética ou o caraças, a comissão que decide se eu como mulher posso ou não fazer um aborto, pode escolher por mim e pode obrigar-me a levar uma gravidez indesejada até ao fim, MESMO COM RISCOS PARA A MINHA SAÚDE, caso já previsto na lei actual, mas nem sempre .... "posto em prática"!!!!!!!!!!

O prazo.... eu confio em quem o determinou. Não cegamente, não me venhas dizer que uma semana e um dia é crime. Mas vejamos.... 10 semanas.... dois meses e meio.... um mês e meio para se desconfiar de uma gravidez, fazer os testes e as análises.... ok: estou grávida! e agora? ir ao médico... caso a gravidez seja desejada... 10 semanas é suficiente para observar má formações no feto. Podia ser 12.... pois podia. Como o é em alguns países, não sou contra. Mas ser zero...... Entre um zero e um dez, um dez a meu ver relativamente razoável... com toda a carga ética e moral e sei lá mais o quê que DEZ semanas pode trazer... Se eu tivesse que escolher (pq na realidade não vou escolher pq nem me derão hipotese de escolha, já que me roubaram o direito ao voto, basicamente sinto-me assim.... cidadã de segunda categoria) bom..... se eu tivesse que escolhar era um 10.

Achas que eu sou inocente ao ponto de acreditar que o aborto clandestino vai desaparecer? Nã! ( espero que não...que não acredites!, que ele desaparecesse era bom) Nem vão desaparecer a malta que anda à chuva sem gabardine e que se molha! Se acho que tenho que pagar com os meus impostos (acho tão cínico isto dos impostos) a estupidez dos outros? Verdade verdadeira, eu pago constatemente, quando alguém se lembra de beber de mais e mata pessoas enquanto conduz (gastos hospitalares e afins.... recursos humanos, montes de dinheiro perdido com isto, é tribunais e tudo), quando são eleitos presidentes de CM corruptos (neste vê-se bem como sou roubada!).... eu sei lá! Casos maus há sempre!!!!! Em todo o lado, em toda a parte. Mas o ciclo tem que se quebrar. E ficar de braços cruzados a olhar para o lado como se nada acontecesse e ser dono da verdade dizendo NÃO e limitando a escolha (LIVRE) da mulher, e negando-lhe cuidados de saúde BÁSICOS!!!!! não resolve nada!

Bom, quanto à campanha do sim e do não! Venha o diabo e escolha! Só me faz lembrar novamente o gato fedorento (sou fã, eu sei! ) em que numa imitação de um debate só se dizia: o aborto é bom, é mau, é bom, é mau! e nada se explicava! e nada se resolvia, até acabarem todos à batatada.... e já agora referindo-me ao mais recente prós e contras a que assiti, algumas pessoas a falar, seja de que lado for, dão sono. E assustador é ver médicos a dizer que nem com a lei actual concordam (pq é um extremínio.... mas tem que ser!!!!), a misturar números, a usarem de tudo o que é argumento emocional...

estou com sono, acho que se continuar não vou acrescentar muito mais. Só uma pergunta, já agora, és a favor, porquê? Qual é a "boa razão" para se ser a favor, segundo o teu ponto de vista, claro!, ?

 
At fevereiro 09, 2007 9:26 da manhã, Blogger Soba said...

Continuas sem perceber nada do que eu estou a tentar dizer. Não há uma "boa razão". Cada um tem as suas. Agora argumentos como "qualquer pessoa com 2 neurónios diria que sim" ou “é simples” ou “as mulheres são todas umas desgraçadinhas e são empurradas para o aborto pelas circunstâncias da vida” ou “os homens são todos umas bestas que fogem com o rabo à seringa na altura de assumir responsabilidades” parecem-me limitados. Demasiado limitados. E lutar por uma causa sem estar disposto a discutir e abordar todas as vertentes do problema, só porque o que temos é mau, parece-me, novamente, sinal de limitação. O referendo é apenas uma parte do problema. Eu acho que, enquanto indivíduos inteligentes que se propõem discutir e alterar parte desse mesmo problema, devemos estar dispostos a ir mais longe. Mesmo que depois cheguemos à conclusão que há custos, que há concessões a serem feitas…

Volto a perguntar, porque não me respondeste: o que fazer, depois do sim ganhar, caso uma mulher aborte depois do prazo legalmente definido (10 semanas)? Prisão? Ou vamos ter mais uma lei de fachada (ainda que de menor fachada)? Repara que eu não te estou a perguntar se a pergunta do referendo devia ser alterada. A pergunta faz o que lhe compete. Na minha opinião, da melhor forma possível (aborda a despenalização, o prazo, a questão da mulher e a questão dos institutos de saúde pública). Eu estou a perguntar além disse. Achas que me consegues responder?

 
At fevereiro 09, 2007 9:35 da manhã, Blogger Soba said...

PS: nesta, como em todas as outras questões, só há pontos de vista. E assumo que, quando defendemos o nosso ponto de vista, o fazemos porque achamos que se trata do melhor. Nisso (e não só) somos todos iguais. Logo, a tua frase «Qual é a "boa razão" para se ser a favor, segundo o teu ponto de vista, claro! ?» está carregada de redundâncias desnecessárias. Espero não se tratarem de tentativas de indirectas... ;)

 
At fevereiro 09, 2007 4:19 da tarde, Blogger NoKas said...

Soba - Bom, começo então pela pergunta (simples): quais são as razões que te levariam a TI a votar sim? (Eu sei que não podes votar, só para esclarecer a audiência!)

Eu não sei o que fazer às mulheres que abortam às 10 semanas e um dia, assim como não sei o que fazer às pessoas que conduzem com mais uma milésima de alcool do que a dose permitida por lei! É uma fronteira legal, porque tem que existir um limite. Não vais pôr o pessoal a abortar às 20 e tal semanas quando o feto já sobrevive por si mesmo,... salvo raras excepções que eu considero possíveis, como o caso de fetos sem massa encefálica (cérebro) ou deficiências muito graves do género, acho eu que nesses casos extremos em que o nado seria um nado morto, se pode fazer a interrupção (terminação) da gravidez!!!! Mesmo hoje em dia acho que o é permitido!!!! Mas são situações raras.... Vamos lá ao assunto. Sinceramente não sei o que fazer. Mas como disse acho que a janela temporal que existe é razoável, poderia eventualmente ser alargada, não estou inteirada do tipo de exames e afins que é possíel fazer até X semanas. Mas eu acho que se a mulher demonstrar vontade de terminar a gravidez antes das 10 semanas ... eventualmente se o procedimento for marcado para a 10ª semana e um dia não é crime.... Não sei como a lei irá tratar estas coisas. Mas ao menos estas DEZ semanas dão oportunidade a que a mulher pondere. se ela estiver mesmo disposta a fazer um aborto, julgo que terá tempo.

Quanto a discussão, eu acho que se deve discutir TUDO, e não sou pelo SIM só pq SIM! :p (seria o mesmo ser do não só pq não). Eu sei que há malta assim! Mesmo nos debates! De ambos os lados (se é que há lados). E que todos querem que o número de abortos diminua, e que a sociedade seja um bocadinho melhor e que há que integrar na sociedade um verdadeiro planeamento familiar e fontes de informação. E que não basta falar de educação sexual uma vez numa qualquer aula de ciências graças à boa vontade do professor. Há que insistir, informar, aceitar, e voltar a insistir. Educar uma sociedade é o caso típico do água mole em pedra dura tanto dá até que fura! É uma colectividade de mentalidades que tem que mudar e evoluir, não se faz com um salto nem de repente. Acho que legalizar o aborto é uma oportunidade de fazer com que as pessoas se informem, que se mexam, que se dirijam a pessoas que as podem ajudar. Pode ser que os mecanismos sociais comecem a ter alguma eficácia (eu sei que a inércia deles é grande).

Mas se queres a minha opinião, o sistema que aí virá não será perfeito, mas é uma oportunidade para que do nada surja algo e que esse algo se possa moldar. Erros médicos poderão surgir, erros de avaliação, erros sociais... mas aos poucos acredito que as coisas se componham. E que as parteiras de vão de escada acabem e que as operações ao apêndice em clínicas privadas e fora de horas acabem também. E que eu como mulher não seja olhada de lado porque cometi "um crime".

 
At fevereiro 09, 2007 4:38 da tarde, Blogger Filipe said...

Apenas 2 coisas:

1º - Soba, eu não comentei o teu comentário mas sim o post da Nocas. Se te sentiste afectada, that's your problem my dear.

2º - A pergunta que eu coloco perante isto é: Será que há vida em Marte? Se a resposta a esta pergunta for NÃO, surge-me outra pergunta: Podem-se fazer abortos lá?? Se não há vida em Marte, e se lá foram feitos abortos, teoricamente, ninguém morre! Certo? Ceeeeerto.
Peço ajuda aos vários seres alienigenas que por aqui têm blogs para me esclarecerem esta dúvida.

 
At fevereiro 09, 2007 4:40 da tarde, Blogger Filipe said...

Acabei de ver que Soba por acaso é um gajo. PEÇO DESCULPA PELA CONFUSÃO, pelo Nick pensei tratar-se de uma mulher.

 
At fevereiro 09, 2007 6:00 da tarde, Blogger Soba said...

Nokas, minha querida,

550 palavras e continuas sem responder à minha pergunta. E eu não respondo à tua enquanto tu não responderes à minha. Toma toma :P

Depois do sim ganhar, altura em que se torna legal abortar até às 10 semanas mas ilegal depois disso, como é que achas que uma mulher que aborte às 18 semanas, por exemplo, deve ser tratada? Legalmente, pelo Estado? (estou a excluir dias de diferença, que é ridículo sequer considerar, e não estou a considerar situações excepcionais)

Achas que me consegues responder a esta pergunta?

 
At fevereiro 09, 2007 6:05 da tarde, Blogger Soba said...

Caro Filipe,

FYI, Soba é o nome dado aos chefes tribais em África.

Não se preocupe que não me senti nada afectado. Os tempos de colégio já passaram. Apenas considerei o seu argumento («Qualquer pessoa com 2 neurónios diria que sim») de uma pseudo-superioridade moral muito discutível.

 
At fevereiro 09, 2007 6:19 da tarde, Blogger Filipe said...

Já aprendi qualquer coisa hoje. Pode ser que me dê jeito se um dia for ao Quem quer ser milionário.

 
At fevereiro 09, 2007 6:20 da tarde, Blogger NoKas said...

Eu acho que respondi! Mas já agora, cá vai... tu achas que alguém ia deixar passar assim tanto tempo para decidir fazer um aborto?????? Bolas!!!! Era preciso estar-se muito distraída para não se aperceber que se está grávida! ou com uma super dose de dúvidas! (Salvaguardo o caso das mulheres que apesar de tudo continuam a ovular e ter o perído e que não sabem que estão grávidas, acontece!, existe e é real). Soba, há pessoas totós, mas não passes um atestado de tontice às mulheres em geral! Quem precisa de fazer um aborto sabe-o logo quando descobre que está grávida! Quem engravida devido à ruptura de um preservativo, por exemplo, fica desconfiada e à coca! Quem tem problemas finaceiros e eu sei lá que outras possíveis razões! Ninguém aborta porque lhe apetece, como quem muda o telemóvel ou vai ao cinema. Há as tais pessoas que sim, mas sabes perfeitamente que a grande maioria não faz isso!!!!!!!!!!!!!!


Ok! Mas eventualmente alguém decide fazer um aborto aos 4 meses e tal.... Acho que essa pessoa devia ser chamada à atenção, ou não? Minha senhora, temos uma lei, a senhora não cumpriu e nem sequer foi por uns dias, foi por uns meses.... Agora, depende do caso! Obviamente! Como te disse, doenças graves do feto descobertas depois das tais 10 semanas, perigo de vida para a mãe descoberto depois das dez semanas.... não sei como a lei vai tratar os casos particulares. O que eu acho? Acho que deviam ser ponderados, cada pessoa tem razões particulares e específicas. Afinal, a tal comissão de ética para o aborto até precisa de se manter em funções!

Respondi, com x nº de palavras ou continuo chéché e não consigo responder-te? Devo ser muito tola tb! Caramba! E eu que nem me queria pronunciar sobre isto, precisamente pq sabia que os detalhezinhos nunca mais iam acabar! Os tais links falam por mim.... ou o meu post não foi simples e directo? :p Se calhar demais! Mas sim, eu votava sim.

Agora a tua vez, todos os detalhezinhos acerca do porquê da tua escolha.

 
At fevereiro 12, 2007 10:10 da tarde, Blogger Alien David Sousa said...

O SIM GANHOU NOKAS! :D
Beijos

 
At fevereiro 13, 2007 7:17 da manhã, Blogger Soba said...

Nokas minha querida,

Não me esqueci de te responder. Que fique claro. Infelizmente os deadlines começaram a apertar e não tenho tempo para nada. Assim que consiga, respondo-te.

Bjs

 
At fevereiro 21, 2007 7:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Manifestamente NÃO. E passo bem com dois neurónios ou menos do que isso :-)

Curiosamente, o que em tempos foi considerado um crime contra a Humanidade - "matadouros de seres humanos" - passou a ser considerado um gesto altruísta!

Curiosamente, uma mulher quando deseja a gravidez considera o "tumor", o "feto", a "coisa" uma vida a ser protegida e seu filho desde o primeiro instante que o descobre. Quando não deseja, fica-se pelo "tumor", pelo "feto", pela "coisa".
Curiosamente, às 10 semanas entende-se não se estar perante uma vida humana, mas às 10 semanas e 1 dia, sim.
Curiosamente, nunca ouvi uma mulher a dizer "sente o meu feto vulgo coisa a dar pontapés" ou "vê a ecografia do meu feto vulgo coisa".
Fica então uma vida entregue a um capricho? A uma conveniência? A uma decisão em desespero? À irresponsabilização de um acto? Ao conceito contemporâneo e caricato de modernidade? (Sim, porque ser-se "cool" é ser-se europeu, é praticar-se livremente o aborto, ainda que num país onde as taxas de analfabetismo, iliteracia e desemprego sejam as mais elevadas, onde se assistam a vergonhosas listas de espera no Serviço Nacional de Saúde, onde se acentuam as desigualdades sociais, onde se regista um célere envelhecimento demográfico...)

Em relação aos típicos argumentos da pobreza e da miséria e da soberania do corpo da mulher...Como sabem ninguém tem o direito de atentar contra a própria vida (por enquanto) e até há pouco tempo também não era reconhecido o direito de atentar contra a vida de outrém...
E, quer-me parecer também que agora os pobres não têm direito a nascer. E que prepotência a nossa de nos arrogarmos do direito de definir um destino inteiro de uma vida. Somos nós que vamos definir o que é a felicidade e quem virá a ser ou não feliz?

Serei forçada a concordar com um conhecido, sugerindo que as mulheres grávidas, especialmente as que intentem abortar, sejam acompanhadas não por um psicólogo mas por um tárologo ou vidente. Deste modo, se se previsse um futuro risonho para a criança permitia-se trazê-la ao mundo, caso contrário...em Março já estará aberto o primeiro matadouro espanhol. Em Março, imaginem! Quanto eficiência e rapidez de resposta. Colocando os meus parcos neurónios a funcionar, facilmente deduzo que fosse qual fosse a vontade popular manifesta no referendo - que para os interesses económicos e políticos vale "peanuts" ou talvez menos do que isso - a liberalização do aborto iria avante. (O matadouro espanhol começou a ser construído em Julho...)

E digo liberalização porque, como sabem, aos anos! que, em Portugal, nenhuma mulher é presa pela prática de aborto. (E talvez alguma o devesse ter sido, porque a maioria das que foram a Tribunal e condenadas, foi por o ter praticado para além das 14 semanas!)

Diz-se também que a liberalização do aborto fomenta a sua diminuição. Bem, os factos desmentem. Na maioria dos países em que a prática do aborto é permitida por Lei, a prática tem assumido números exponenciais. Ao ponto de actualmente se discutir na Inglaterra a interpretação da Lei num sentido mais restritivo. Ao ponto de na Rússia, o número de abortos ser superior ao de nascimentos (em Portugal, um dos países mais mais envelhecidos demograficamente na Europa, isso dá imenso jeito)

"Power to people" ? :-)
Quantos Barrabás nos faltará ainda soltar...

Felizes os abortistas que nasceram primeiros. ;-)

Cumprimentos a todos e sempre a favor da vida.

 
At fevereiro 21, 2007 7:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança(...)"

- O aborto provocado - (...) - é uma das minhas maiores cruzes; é a maior barbárie contra a paz do mundo, porque, se uma mãe é capaz de matar o seu filho, o que pode evitar que nos matemos uns aos outros?"

Madre Teresa de Calcutá

 
At fevereiro 22, 2007 4:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É difícil entender que possa haver pessoas que rejubilem por milhares de inocentes que serão sacrificados ao egoísmo de uma sociedade...Permitam-me citar alguns argumentos de Alexandra Teté, Presidente do Movimento Mulheres em Acção; os quais subscrevo na íntegra.

"Quanto à questão da penalização das mulheres, é bom recordar o seguinte: primeiro, o senhor Ministro da Justiça já veio reconhecer que não há, nem nunca houve, mulheres na prisão por terem abortado. Depois, é possível continuar a criminalizar o aborto até às 10 semanas sem necessariamente condenar ou julgar a mulher que o faz, considerando que a mulher que aborta tem, em geral, uma "culpa diminuta", ou se encontra em estado de "necessidade desculpante". Mas, nestes casos, o direito mantém a censura sobre esse comportamento – porque o aborto é um mal – e conserva a sua função pedagógica. Por, ultimo, o "sim" também defende a criminalização às 10 semanas e 1 dia... Qual é a lógica disso?

A presença de um indivíduo humano vivo às 10 semanas de gravidez é universalmente reconhecida. Pode-se "fotografar" e filmar. Sabe-se que o desenvolvimento desse ser humano é um "continuum": não faz sentido decretar que a vida começa às 5, 10 ou 20 semanas .... O ónus da prova de que um ser humano de 9 semanas merece um tratamento diferente pelo Estado – privando a sua vida de protecção legal – caberia aos defensores do "sim", que não são capazes de o fazer...

Note-se mais uma vez que, na questão moral e política do aborto, o que está em causa não é um qualquer dilema moral ou existencial de âmbito privado. Não é apenas uma "questão de consciência": afecta terceiros. Trata-se afinal do direito à vida, que é o primeiro e fundamental dos direitos. Isto é, afecta os próprios fundamentos da convivência humana e da comunidade política. E é precisamente por ser uma questão política que o Estado deve intervir, para proteger esse valor primário.

Nestes termos, a vitória do "sim" significaria (significa) a imposição pelo Estado, a todos os membros da comunidade política, de uma concepção moral particular – a de que a vida do não nascido até às 10 semanas não tem valor no espaço público e deve ceder perante a "opção" da mulher; a imposição pelo Estado, a todos os cidadãos, da obrigação de contribuir com os seus impostos para garantir a concretização desse "direito" da mulher; e a "penalização" definitiva e radical dos indivíduos não nascidos (até às 10 semanas), despojando-os de qualquer protecção legal.

Recorde-se ainda que a lei actual já despenaliza o aborto em situações dramáticas. Daí para o aborto a pedido – "porque sim"! – vai um grande salto: o que está agora em causa é permitir o sacrifício total de um bem jurídico constitucionalmente protegido (a vida humana intra-uterina), por simples desejo ou "opção" da mãe, independentemente de toda e qualquer outra consideração, procedimento ou motivo. A mulher passa a ter um direito de propriedade absoluto sobre o seu filho, podendo suprimi-lo pelas razões que entender. O embrião/feto até às 10 semanas passa a ter o estatuto de coisa, material inteiramente disponível, com a cumplicidade activa do Estado."

 

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